Tiro esportivo: um esporte certeiro.

Homem apontando a pistola para o alvo no campo de tiro interno ou campo de tiro

Saiba mais sobre esse esporte que tem muita história e vem crescendo em números de adeptos.

Por Vinícius Gross.

Independente da preferência por armas curtas ou longas, o tiro esportivo é um esporte de alto nível que combina prática, técnica e, principalmente, que exige alta concentração do atirador. Sua prática é fascinante, desafiadora e traz diversos benefícios tanto para o corpo como para a mente, como melhorar a capacidade de concentração, aliviar o estresse, aprimorar a coordenação motora, além de fortalecer órgãos internos como o coração e os pulmões e musculatura em geral.

História

O tiro ao alvo teve seu início com a utilização de arco e flecha ou lança, que foram usados pela primeira vez como atividades de treinamento militar. Porém na Ilíada, obra de Homero, traz indícios que na Grécia antiga já eram realizadas competições de tiro com arco para atirar em pombos em cima de postes altos em homenagem aos Deuses. Índios, persas, eslavos, celtas e alemães se envolveram em atividades semelhantes.

No século X, o atirador evoluiu para um esporte social e recreativo. Considerado o progenitor de grandes atiradores, o herói suíço William Tell ganhou honra durante o século XIV depois de, segundo a lenda, atirar com sucesso em uma maçã colocada sobre a cabeça de seu filho utilizando a besta (Armbrust).  *falaremos dessa modalidade em um próximo post.

Os primeiros clubes de tiro foram formados por povos de língua alemã nos séculos XIII e XIV. A associação era limitada apenas a homens. No início, arcos e mosquetes eram disparados da posição em pé, mas no século XVI, armas de fogo mais elaboradas já eram usadas em provas de tiro. As primeiras competições de clubes eram partidas de um tiro disparado contra alvos de madeira elaboradamente pintados. Jogos e festivais de tiro eram rotineiramente realizados no dia de Ano Novo, feriados religiosos e outras ocasiões especiais. Prêmios em ouro e dinheiro eram frequentemente concedidos.

O primeiro Campeonato Mundial de Tiro foi em 1897, quando, para comemorar seu 25º aniversário, um clube de tiro em Lyon, na França, organizou uma disputa internacional de rifles de 300 metros. Os eventos femininos foram instituídos pela primeira vez nos Campeonatos de 1958, e hoje os Campeonatos Mundiais para homens e mulheres em todas as disciplinas são realizados a cada quatro anos.

Equipe de fuzileiros femininos em Central High, Washington, DC. novembro de 1922.

O tiro esportivo esteve presente nos Jogos Olímpicos desde a primeira edição, em 1896, em Atenas. Até 1964, em Tóquio, somente os homens participavam. As primeiras mulheres competiram na Cidade do México, em 1968, nas provas com os homens. As primeiras disputas exclusivamente femininas surgiram em Los Angeles, em 1984, em duas categorias: pistola de ar e carabina de ar. Atualmente, o tiro esportivo é disputado em 15 categorias, sendo nove masculinas e seis femininas.

O Brasil teve sua primeira participação olímpica apenas em 1920 e foi uma participação surpreendente, trazendo para casa uma medalha de ouro, uma de prata e uma de bronze.

Apesar de termos atletas promissores na atualidade, a prática do tiro ainda é pouco difundida e por vezes inibida por consequência de campanhas antiarmas que tentam ligar, erroneamente, a imagem do tiro esportivo com violência.

Afrânio da Costa faturou prata no tiro esportivo nos Jogos Olímpicos Antuérpia 1920, estreia do país na competição.

Modalidades

Existem diferentes categorias dependendo das armas utilizadas e do formato das competições.  Aqui estão alguns tipos de armas que são amplamente utilizadas nas competições: carabinas/ fuzis, pistolas/revólveres e espingardas.

Carabinas/Fuzis
São armas de ombro com canos longos e com alma raiada. O que difere a carabina do fuzil é o comprimento do cano, onde as com o cano mais longo são os fuzis (superior a 20 polegadas). As competições com carabinas e fuzis podem ser realizadas em três posições: deitado, ajoelhado ou em pé. Abaixo estão algumas das provas realizadas com esse tipo de arma:

Caçada metálica – usando carabinas nos calibres de .22 a .44-40, o atirador deve acertar alvos, que são silhuetas metálicas de águia, javali, leão e búfalo posicionados a uma distância de 20m a 50m do atirador. A prova deve ser realizada na posição de pé, sem nenhum tipo de apoio ou suporte e deve ser feito um total de 20 tiros, sendo cinco em cada grupo de animais.

Carabina 10m mira aberta – podem ser utilizadas carabinas de mola (mecânica ou pneumática (gás ram)) com calibre 4,5 ou superior. O atirador deve realizar um total de 20 tiros em um alvo localizado a 10m, na posição de pé, sem nenhum tipo de apoio ou suporte e sem uso de luneta ou dioptro.

Carabina 25m com luneta (Benchrest) – essa modalidade admite os seguintes tipos de armas: carabinas .22 (longo ou curto), o .22WMR (magnum) ou .17HMR e 4,5mm ou 5,5mm ar comprimido. O objetivo é acertar 25 tiros em um alvo posicionado a 25m de distância com a arma apoiada em uma bancada e o atirador sentado ao lado desta.

Carabina 25m ou 50m mira aberta – essa prova é subdividida entre a distância dos alvos e os calibres utilizados que vão desde o .22 até os calibres superiores (vedado o uso de fuzil). O atirador na posição de pé, sem nenhum tipo de apoio ou suporte, deve realizar um total de 20 ou 30 tiros (dependendo do campeonato).

Fuzil 100m – essa modalidade é subdividida em com ou sem uso de luneta e pode ser utilizada qualquer arma longa com munição de fogo central de qualquer calibre. Serão feitos 12 tiros sendo computados para a prova somente dez, ou seja, dois descartes. O atirador pode ficar deitado ou utilizar a bancada de apoio para realização dos disparos.

Pistolas e revólveres

São armas menores, usadas em alcances mais curtos e têm menor precisão em comparação às armas longas. As competições são divididas entre distância do atirador em relação ao alvo e calibre utilizado, onde a mais comum é o duelo. Nesta modalidade, os alvos ficam a 10m ou 25m de distância e os atiradores são ainda divididos em subcategorias dependendo do calibre da arma utilizada que vai desde o .22 até os superiores.

Espingardas – são armas de fogo longas, de alma lisa. Elas são utilizadas nas diversas modalidades de competições de tiro ao prato, incluindo provas individuais e equipes, onde os atiradores trabalham juntos para completar uma série de tarefas. Além disso, existem competições especiais para jovens, mulheres e pessoas com necessidades especiais, incentivando a participação de todos na comunidade. As modalidades mais comuns no Brasil são:

Trap americano – o atleta fica no local chamado pedana de trap que se divide em cinco posições onde o atirador efetua cinco disparos em cada posição, perfazendo 25 disparos em 25 pratos lançados. A máquina lançadora dos pratos encontra-se em uma casamata semienterrada a 15 metros do atirador. Os pratos são lançados ao comando do atirador em direções aleatórias e desconhecidas, por essa peculiaridade é chamada de trap, ou seja, “armadilha” em inglês.  A velocidade média dos pratos é de aproximadamente 68 km/h. O atirador pode pedir o prato com a arma encaixada no ombro e deverá efetuar apenas um disparo por prato.

Fossa olímpica – a pedana de fossa olímpica também se divide em cinco posições e, diferentemente do trap, existem três máquinas lançadoras de pratos enterradas em um fosso, que lançam os pratos. A forma de lançamento é por sensor eletrônico do som (phono pull) isto é, imediatamente ao chamado, o prato é lançado numa velocidade inicial de ± 110km/h sendo variável de acordo com a máquina utilizada. O atirador, ocupando um dos cinco postos, não possui conhecimento de qual máquina do conjunto irá lançar o prato. Ele pode dar dois disparos por prato (com exceção da fase final), sendo indiferente se quebrar no primeiro ou no segundo disparo.

Skeet – os alvos são arremessados em aproximadamente 85 km/h a partir de duas casas, uma baixa e outra alta, distantes 36,7 metros entre si. O atirador dispara nos 25 alvos em oito posições dispostas em uma meia lua com o ponto central localizado no meio das duas casas. Estas lançam os pratos em direção uma da outra de modo que os pratos se cruzam no centro da meia lua, eles podem sair simultaneamente de ambas as casas. O atleta tem direito a um disparo por alvo, antes que este chegue à casa oposta de que foi lançado, além de que o atirador não poderá pedir o prato com a arma encaixada no ombro e sim com a coronha apoiada no osso ilíaco (osso do quadril).

Nos últimos anos houve um crescimento grande de abertura de clube de tiros no Brasil portanto é provável que haja um próximo a você! Basicamente os clubes podem ter o formato indoor, onde as instalações são fechadas, como um galpão por exemplo, ou outdoor onde as pistas de tiro são construídas ao ar livre, como em um clube de campo. Quanto a valores, temos para todos os bolsos, que vão desde os mais simples, com anuidades na faixa de R$ 500,00 até outros que cobram luvas de R$ 70.000,00 e mensalidades de R$ 2.500,00.

Venha você também conhecer melhor e se apaixonar por esse esporte.

Vinícius Gross – Economista e CEO da Adviseu é um entusiasta desse esporte e atirador esportivo, recentemente participou do campeonato paulista de carabina mira aberta 25m.

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